Novo Mineirão
Inaugurado em 1965 (projeto original de Eduardo Mendes Guimarães Júnior e Gaspar Garreto) como o segundo maior estádio de futebol do mundo, o Mineirão se situa no entorno da Lagoa da Pampulha, próximo das obras seminais de Oscar Niemeyer e Burle Marx, sendo parte do principal cartão-postal de Belo Horizonte. Com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014, veio a oportunidade de transformar o tradicional estádio, cuja fachada é tombada, em um equipamento esportivo multifuncional contemporâneo. Nesse contexto, para transformar “O Gigante da Pampulha” em um moderno complexo multifuncional, procuramos intervir de forma ao mesmo tempo respeitosa e radical, reforçando a monumentalidade da estrutura original do Mineirão na icônica paisagem modernista.
No que diz respeito à arquitetura do estádio propriamente dito, mantivemos basicamente a “casca” externa: os 88 semipórticos estruturais, a cobertura de concreto e a arquibancada superior. O restante do “miolo” foi totalmente reconstruído para garantir a completa modernização do interior da arena, incluindo a nova extensão da cobertura, os novos programas de necessidades e toda a infraestrutura, além do rebaixamento do campo com o redesenho da arquibancada inferior, melhorando a visibilidade para a nova capacidade total de 62.160 espectadores.
Na área externa, a renovação é total, com uma nova plataforma operacional de 200.000 m², separando os fluxos de espectadores e de credenciados. A “Esplanada” inclui serviços variados ao redor do estádio, funcionando como imensa praça aberta ao público pedestre ligada visualmente à Lagoa da Pampulha. Essa plataforma é esculpida e moldada ao terreno, configurando-se uma topografia artificial integrada com o entorno imediato, sendo percebida como continuação do domínio da rua. Dessa forma, o público é atraído por programas estrategicamente distribuídos ao longo da Esplanada, que criam áreas com potencial de gerar atividades e movimento durante todo o dia, nos sete dias da semana.
O projeto contempla também soluções sustentáveis, incluindo uma usina fotovoltaica na cobertura com capacidade de 1.600 MW/h, tendo sido o primeiro estádio do Brasil (e o segundo do mundo) a obter o certificado LEED PLATINUM. Após a Copa de 2014, várias áreas operacionais terão outros usos (programas culturais, comerciais e de lazer), contribuindo também para a sustentabilidade econômica do complexo posteriormente ao evento.
O novo Mineirão aponta caminhos sobre como megaeventos podem deixar um legado para as cidades-sede. Nesse caso, ainda que tenham sido feitas na escala do estádio, as intervenções vêm em resposta às demandas de escalas maiores, isto é, do bairro, da paisagem e da própria cidade. Assim, a ambição é que o solo e a vida urbana se expandam pela arquitetura.