Expansão do Centro de Engenharia do Google
A maioria das pessoas não têm o conhecimento de que boa parte da inteligência da internet tem sido desenvolvida no Centro de Engenharia do Google em Belo Horizonte, no Brasil, o único da empresa na América Latina. Em 2016, entregamos o projeto deste escritório com mais de 5 mil metros quadrados divididos em 4 pavimentos (14,15,16,17) do edifício Boulevard Corporate Tower. Para conectar o espaço global aos valores mineiros, o projeto impunha o desafio de identificar referências culturais e corporativas fortes.
Neste primeiro projeto para o Google (2016), integramos soluções que exploram a tensão entre a cultura local e a cultura Google numa abordagem sutil e sofisticada. O contexto digital e intangível do serviço da empresa ficou registrado nos espaços de trabalho, onde elementos como vidros, telas e superfícies brilhantes proporcionam o máximo de imersão possível. Já nos espaços comuns, a paisagem e a cultura de Minas Gerais são representados por materiais táteis, texturas, tons terrosos, tramas e treliças.
Em 2019, desenvolvemos mais um projeto para o Centro de Engenharia do Google, que consistiu na renovação do 16o pavimento (inaugurado em 2016) e em uma nova expansão para o 5o andar. Mais do que uma simples reforma e expansão, este projeto representa uma evolução do que já havia sido feito previamente por nós. Ampliamos e reinterpretamos os conceitos originais do escritório que se baseiam na convivência de referências globais, no lado cosmopolita e universal do Google, em paralelo com narrativas e histórias locais.
Percebemos que as novas estratégias de design deveriam suavizar e talvez desfazer a distinção acentuada que havíamos criado no projeto original para os espaços de trabalho (especialmente estações de trabalho e salas de reunião) em relação aos espaços comunitários (lazer, descanso, alimentação e outras atividades).
Originalmente, cada um desses grupos (trabalho e não trabalho) foi associado a uma série de aspectos conceituais, ambiente, paleta de cores e materiais. Os espaços de trabalho foram encaixados em uma narrativa mais universal, com atmosfera etérea, cores mais frias e materiais reflexivos (nuvem), enquanto as narrativas locais eram atribuídas aos espaços de lazer em geral, com uma atmosfera mais acolhedora, cores mais quentes e materiais naturais.
No entanto, neste novo projeto, entendemos que a caracterização do ambiente, materialidade e suas cores deveriam estar mais relacionadas ao caráter coletivo e individual de cada espaço, em vez da relação trabalho-lazer, uma vez que a própria cultura do Google rompeu com essas barreiras.
Com isso, os caráteres individual e coletivo não devem se comportar como conceitos isolados, já que existem muitas situações híbridas, às vezes individuais ou às vezes coletivas, em vários espaços, como salas de reunião informais dentro da área de estações de trabalho. Para preencher essa lacuna, é criada uma nova referência visual, o “gradiente”, para identificar os ambientes de transição em relação ao uso.
O gradiente sintetiza uma nova postura em relação ao projeto, que permite um certo nível de ambiguidade, sobreposição e combinação dos conceitos originais, agora de maneira mais livre e eficaz. Desta forma, a conexão entre a cultura local e a global ganhou ainda mais força no projeto de extensão da ambientação do espaço, realizado entre 2019 e 2022. Partindo de elementos como dados meteorológicos da região, frutas típicas do Cerrado, pedras preciosas, espécies de peixes e montanhas do estado, ampliamos a diversidade de referências mineiras tanto no nome quanto no desenho de diferentes setores nos novos andares.