EPAL

A Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) promoveu, nos anos de 2018 e 2019, uma competição internacional que consistia na elaboração de um edifício de uso-misto em um lote da rua José Gomes Freire, junto às Amoreiras – área hoje descaracterizada na paisagem de Lisboa.

O Edifício Híbrido que propomos é composto por dois blocos principais, contendo todas as unidades habitacionais, que ocupam os limites laterais do terreno acompanhando a sua geometria irregular de forma ortogonal, com 15 metros de largura e modulados longitudinalmente a cada 6 metros. Os dois blocos têm exatamente a mesma altura (14 pavimentos), sendo que na sua base temos programas comerciais (dos níveis 0 ao 2) e de serviços (nível 3).

Nos dois blocos, não existem “pavimentos-tipo” nem setorização de tipologias. Todos os andares possuem apartamentos de todas as tipologias. As fachadas são perfuradas por aberturas (janelas, sacadas, terraços e áreas comuns) regulares mas “aleatórias”, com pé-direito simples ou duplo, em função do espaço interno de cada tipologia. Dessa forma, temos uma composição de cheios e vazios com extrema variedade, condicionadas ao interior funcional de cada unidade, mas que gera um conjunto com forte identidade.

A ocupação periférica dos dois blocos principais, acompanhando a geometria do terreno delimitado a nordeste e sudeste, libera o centro para uma grande praça pública aberta e delineada por um grande espelho d’água que tem a função de recepcionar o pedestre, visitantes, turistas e moradores locais. Como um grande pátio central, essa praça é ativada nos seus dois níveis por um complexo comercial que propicia uma utilização cotidiana dos seus espaços (bares, livrarias, restaurantes, jardins, cafés, galeria, etc), todos os dias da semana. A praça possibilita também vários usos ociosos, de passeio, descanso e leitura em lugares calmos e frescos, bem como o uso de um pequeno anfiteatro para pequenos espetáculos, cinema ao ar livre, encontros, performances, etc.

Enquanto os dois grandes blocos laterais concentram todo o programa residencial (a partir do nível 4) e o programa comercial na sua base (do nível 0 ao nível 2), todo o programa de serviços foi concentrado em 5 “pontes-escritórios” com “terraços-jardim” nas suas coberturas. Essas estruturas, extremamente simples e transparentes, têm 9m de largura e vencem o vão entre os dois blocos habitacionais de forma desencontrada, ora perpendicular a um, ora perpendicular ao outro, suspensos em diversos níveis e posições do edifício. Essa estratégia pouco usual de organizar os espaços de serviços ocorre basicamente por dois motivos: a vontade de gerar um grande espaço público ativo no rés de chão e oportunidade de constituir espaços de lazer e convivência também nos níveis acima da grande praça.

Além de gerar maior permeabilidade ao conjunto, esta estratégia também ajuda a definir com clareza e funcionalidade as articulações entre os vários usos e espaços. Nas pontes os escritórios ganham vistas livres para o Parque Florestal do Monsanto e para a cidade, como miradores suspensos, conseguindo manter a independência e a autonomia de uso através de um núcleo de circulação vertical central com acesso exclusivo.



Projeto: EPAL Competition
Localização: Lisboa, Portugal
Ano: 2018
Área:
Autor: Bruno Campos, Marcelo Fontes, Silvio Todeschi (BCMF Arquitetos), Cássio Lucena (GRAU Arquitetura), Marcelo Marata (MARATA Engenharia)
Equipe: Patrícia Bueno, Raquel Duarte, Marcos Sales
Status: Projeto

Tags:  Concursos, Prédios