Minas Brisa Fleming
A Pampulha é uma região de Belo Horizonte que cada vez mais ganha centralidade no fluxo urbano da Grande BH, sendo amplamente conhecida pela paisagem modernista composta do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, patrimônio mundial da UNESCO.
Nosso terreno fica no final da Avenida Fleming, via relativamente jovem que liga o bairro Ouro Preto à Lagoa. A avenida em si é majoritariamente comercial, com grande quantidade de bares e restaurantes, e os arredores mais amplos são compostos em sua maioria de ocupações residenciais de baixa densidade – casas ou prédios baixos, conjuntos habitacionais e moradias universitárias. O projeto pretende trazer um novo tipo de ocupação de uso misto (habitação, comércio, trabalho e ócio) nesta área pouco densa e ainda em desenvolvimento.
A BCMF Arquitetos assina o projeto de dois empreendimentos, um edifício de uso misto (apartamentos e lojas) e outro de uso comercial, localizado no final da Avenida Fleming, na região da Pampulha em Belo Horizonte. Eles se conectam por meio de uma faixa de área permeável, que é parte do projeto de paisagismo e integração entre os blocos.
O edifício de uso misto foi projetado de forma modular, com a estrutura coincidindo de cima a baixo, desde o bloco comercial, no térreo, atravessando o pavimento de estacionamentos até as duas torres residenciais. As torres possuem 16 apartamentos, sendo dois por andar e que foram desenhados em forma de “L”, rotacionados ao redor do núcleo de circulação vertical, ao invés da usual planta simétrica. Shafts hidráulicos foram posicionados estrategicamente para garantir a liberdade de opções de layout. No nível da garagem temos algumas áreas comuns (academia, pets, kids, festas) no rooftop uma piscina e área gourmet.
Sua fachada frontal e posterior são inteiramente abertas por amplas esquadrias do piso ao teto, interrompidas apenas por um padrão irracional de brises que garantem privacidade e menor insolação. Além de criar um efeito estético interessante, também apaga as fronteiras entre os apartamentos na visão do transeunte e confere movimento à fachada.
O comercial (Apart Hotel) possui 5 pavimentos, sendo o térreo estacionamento e hall de entrada, o segundo o pilotis (incluindo área comum) e os demais pavimentos-tipo, além de um rooftop com piscina e área gourmet. Já que o projeto foi feito com plantas flexíveis e moduladas, cada pavimento pode ser dividido em até nove apartamentos (estúdios) individuais, ou maiores combinados. O desenho da base acompanha o alinhamento da avenida, criando um chanfro na geometria do edifício que indica a localização da entrada para o pedestre. Sua fachada possui diversas seteiras, distribuídas de forma ritmada e desencontrada, parametrizadas com duas aberturas por módulo de sala, no mínimo.
De modo geral, os acabamentos são austeros (alvenaria com pintura, concreto aparente, esquadrias e brises de alumínio) reforçando as proporções elegantes e as amplas aberturas para a paisagem ao redor. Isso resgata alguns dos princípios da Arquitetura Moderna Brasileira dos anos 50, que tem como berço o próprio conjunto arquitetônico e paisagístico da Pampulha, localizado nos seus arredores.